“E O Vento Levou”, no Brasil,
ou “E Tudo O Vento Levou”, em
Portugal, da jornalista e escritora norte-americana Margaret Mitchell,
publicado em 1936.
Sugiro como entrada, isto é, antes de ler “E Tudo O Vento Levou”, que o leitor leia: “O Clã de Rhett Butler”, do historiador e escritor Donald Mc Caig. Este livro narra
os oito anos de vida de Rhett Butler
que
antecederam o seu amor por Scarlett O'Hara. Depois, sim, leia
a obra-prima de Margaret Mitchell. Para um fechamento prá lá de
emocionante, conclua com: “Scarlett: a Continuação
de O Vento Levou”, escrita por Alexandra Ripley.
A Vida...
Margareth Mitchell
Eu sempre pesquiso a vida dos autores os quais admiro e com Mitchell não foi diferente. Ela nasceu
em 8 de novembro de 1900, em Atlanta, USA, e a sua obra traz mais dela do que o
leitor possa imaginar. Na verdade, a autora era tão impetuosa quanto à sua
personagem principal, Scarlett O’Hara.
Para quem já leu alguma coisa sobre a vida de Margareth, percebeu que a arte, novamente, imitou a vida. Como Scarlett, Mitchell era de família abastarda, filha de um destacado procurador
de Atlanta e sua mãe era descendente irlandesa. No livro, ela inverteu: o pai
era descendente irlandês e a mãe de família abastarda – item também mencionado
por ela no livro com grande destaque, porém invertendo os papéis (o pai de Scarlett era um descendente irlandês e a
mãe rica herdeira que abandonara tudo para se casar fugindo, assim, de uma
grande desilusão amorosa: o homem a qual amara, seu primo, com quem não fora
permitido se casar, morrera. As suas opções eram: entrar para um convento ou
aceitar Gerard O’Hara como
pretendente).
Enfim, não importa. Os protagonistas criados por Mitchell foram completamente humanos e sujeitos a erros. Na vida real, a autora também
teve suas desilusões amorosas e outras dores: Com 17 anos, apaixonou-se por Clifford Henry, um militar que estudava em Harvard e estava em manobras perto de Atlanta. Mas este foi mobilizado para a França e Margareth, em 1918, entrava para o colégio, como as moças da sua idade e condição faziam. Mais tarde recebeu a notícia da morte de Clifford, na França e, pouco depois, da doença de sua mãe, que, quando retornou, não mais a encontrou com vida. Em 1922, casa-se com Red Upshaw, um casamento que rapidamente se desfez devido ao alcoolismo e agressividade do marido. Nesta época, vai trabalhar como repórter para o Atlanta Journal. Em 4 de julho de 1925, feriado da Independência americana, Margareth casa-se com John Marsh, jornalista e editor de uma revista de que se tornará mais tarde vice-presidente. Mas um ano depois ela deixa de trabalhar devido a artrites nos tornozelos e pés, o que a obriga a passar muito tempo em casa e na cama, lendo vorazmente. Foi quando ganhou do marido
uma máquina de escrever e com ela iniciou a saga “E Tudo O Vento Levou”. Será
que se lembrava do amor perdido? Da mãe?...
Os personagens mais
delicados são secundários, como a Melanie e seu marido. Ele deixa um gran-finale
em aberto fazendo pensar como seria o futuro dos personagens. Contudo,
Alexandra Ripley o finaliza antes mais tarde em “Scarlett, a continuação...”
Sinopse de "E Tudo o Vento Levou"
A Guerra Civil Americana
marca a vida de Scarlett O'Hara, uma caprichosa
mocinha que, para atingir seus objetivos e esquecer um amor frustrado, se
envolve com Rett Butler, um
aventureiro cheio de charme, disposto a tudo por amor.
O
livro traz amor, drama e um sarcasmo inteligente, próprio da autora que era uma
pessoa crítica e muito inteligente.
Uma reunião social acontece numa grande plantação
na Georgia, Tara, cujo dono é Gerald O'Hara, um imigrante irlandês. Na mansão
está Scarlett, sua bela e teimosa filha adolescente. Os gêmeos Tarleton, Brent e Stuart, imploram
para serem seus acompanhantes num churrasco, que haverá em Twelve
Oaks, uma plantação
vizinha. Scarlett flerta com eles
enquanto tenta obter informações sobre o homem que ama obsessivamente, Ashley, o primogênito do patriarca de Twelve Oaks, John Wilkes. Ela ouve algo que a desagrada
muito: Ashley está comprometido, o
que depois é confirmado por seu pai. Scarlett acha a vida em Tara
monótona, mas seu pai diz que Tara é uma herança inestimável, pois só a terra é
um bem que dura para sempre. Ela só pensa em Ashley, assim usa seu mais belo vestido para ir ao churrasco,
revelando um inapropriado comportamento para um compromisso diurno, apesar das
objeções de Mammy, sua aia
escrava.
Em Twelve Oaks, Scarlett é o centro das atenções, em
razão dos vários pretendentes que a cercaam, mas nenhum deles é Ashley. Mais tarde Scarlett ouve os cavalheiros discutindo acaloradamente sobre a
guerra eminente que acontecerá entre o Norte e o Sul, crendo que derrotarão em
meses os ianques. Só Rhett Buttler, um aventureiro que tem o hábito
de ser franco, não concorda com estas declarações movidas mais pelo orgulho do
povo. A trama prossegue, a guerra também e entre sangue, dor e muita perda, o
amor de Rhett por Scarlllet parece não ter fim e o dela por Ashley também não. Vale à pena ler a
obra e não somente assistir ao filme. O livro é muito mais completo. Imperdível!
O meu exemplar velhinho que amo!
Mitchell só escreveu esta obra
de sucesso, porém, é dela também “A Ilha perdida”, um manuscrito escrito vinte anos
antes de “E Tudo O Vento Levou”, talvez um ensaio para o que seria a sua grande
obra. Neste manuscrito narra uma mulher determinada, que coloca a honra acima
de todos os outros sentimentos. Um homem galante e outro de modos rudes, rivais
na disputa pelo amor daquela 'pequena dama' de atitudes independentes e um
desastre que muda a vida de todos. Qualquer semelhança com 'E Tudo o Vento Levou'
não é mera coincidência. Em 1916, ou seja, duas décadas antes do lançamento
daquele que se tornaria um dos maiores romances de todos os tempos, Margareth
Mitchell escreveu em dois cadernos uma história de amor e tragédia que pode ser
considerada o embrião de seu grande sucesso literário. Os manuscritos de 'A
ilha perdida' foram preservados por Henry
Lovel Angel, amigo e apaixonado pela escritora, não os incinerou conforme
pedido de Margareth Mitchell. No livro estão ainda as fotos,
a correspondência e, principalmente, o romance entre eles.